quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Verdade e Realidade II

Grita a alma
geme e berra
inexprimível o espírito
em minha mente se encerra.

Gira o mundo
vertigem;
Como se apagasse
como se fosse
se apagar
se perder
de sua origem.

Grunidos, altos sons
estridentes
arrepia-me sob a pele
entre os ossos
como neve enfiada
pelos meus poros;
ah, como fervem
minhas entranhas todas!

Tenho de falar
tenho de morrer
tenho de zelar
tenho de viver
tenho de estar
tenho de deixar
tenho de deixar de ser.

Corre,
corre o fogo,
mais que antes
ainda mais que antes.

Que nosso Senhor e Deus tenha misericórdia,
porque somente a água sem fim,
fresca, livre,
da Sua fonte,
me satisfaz a sede,
preenche minhas veias,
refina minhas artérias.

Somente nEle tenho refúgio,
descanso,
abrigo. Somente Ele é tão
Verdadeiro quanto a Verdade
que há em mim pede que o mundo
seja ao meu redor.

Verdade e Realidade

Rasga
irrompe
irradia
a crueza da verdade
é como um mundo
esfolado, desfolhado
como uma banana aberta
com as cascas pendentes
a realidade
sob a máscara
sob a percepção
além do fenômeno
além da experiência
além da medida
é áspero o ar aqui
é cortante
a visão me corta os olhos
me fere as narinas
irrita o cérebro
reparte as vértebras
é a verdade
a revelação da verdade
a exposição da verdade
é dolorido
é excitante
é um estado de alerta
dói os pulmões.

Ódio
irritação
ira
desprezo
pena
dos prisioneiros
dos ignorantes
que não conhecem a realidade
que não sabem
que todo homem é uma mentira
que todo homem é uma ficção
uma ficção de si mesmo
para si
um ídolo
uma falsidade
tolos
somos todos um bando de tolos,
um bando de tolos sob o sol.

E não há nada de novo nisto.